sábado, 10 de julho de 2010

Susurro

há algo de triste na alegria dessa cidade
no caminho dessa rua
na calma dessa casa
se eu te explicar, talvez você não entenda
mas o espaço do teu abraço é do tamanho do meu vazio
a manhã-tarde de preguiça é lenta como meus gestos
devagar como meus pensamentos
divagueiam
e se perdem
no meio de caminho nenhum
mas já estou tão cansada
de passos sem sentido no meu corredor
de corpos correndo e rindo, sem alma
de corpos de escudo
e ouvidos de filtro

-mais uma dose, por favor!
mais uma dose pois embora eu os esqueça, meus vícios não me esquecem
minha casca não me esquece
o medo não me esquece
e eu me vicio no medo da minha casca
e na tua cura
pras nossas feridas

-uma dose de paz, por favor!
com uma porção de confiança e liberdade
e vamos viajar numa nave de espelhos
até o interior de nós mesmos,
sem pressa
porque a paz que eu quero vem em carinhos calmos
depois de corações acelerados
e é repleta de silêncios
que não esperam palavras
mas se deleitam em suspiros
ou na lágrima de um amigo
prestes a virar sorriso
a paz que eu quero se aflige muito
em busca da palavra exata
e eu a consolo:
"minha paz, não existe nada, nada.."
e ela se deita comigo
e esquecemos cidade, corredores, escudos, pensamentos..
e dormimos
como anjos
em paz

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